Os Elementais - Crônica



Era os festejos religiosos daquela pacata e tão linda cidade litorânea. Mas como estávamos em plena quaresma, época do ano em que todos os seres dividem o mesmo espaço no mundo, quatro figuras vultosas perambulavam pelas ruas da cidade em meio ao povo, que sem saber, dividia espaço com esses seres.
Duas ninfas sedentas de calor másculo, um excêntrico mago em busca dos mais íntimos sentimentos humanos, e uma Loba Insana procurando sua presa.
Esses quatro elementais da natureza profana se deparam com dois Fuzileiros que se encontrava em momento de descontração e comemoração, foram os únicos que tiveram a sensibilidade de ver os quatro vultosos. O Menino de Niquite e seu Fiel escudeiro convidaram os elementais para compartilhar daquelas bebidas e porções de alegria sobre a mesa.
Embebecidos com o vinho, a cevada e uma porção de queijos, os seis riram e brindavam ao pecado e a alegria. Quase uma celebração a Baco. E com o passar das areias pela ampulheta do tempo, os dois Fuzileiros não perceberam o passar das horas e o quanto já estavam inebriamos e enfeitiçados por aqueles seres.
O pobre Menino de Niquite, oficial discreto e altamente profissional, já começava a desabafar seus Cenários e peripécias.
A Noite foi se alongando e os Fuzileiros rindo e divertindo-se com os quatro Elementais, que tais como vampiros, sugavam o supra-sumo de suas essências.
A alvorada foi se aproximando, e os seres da noite tinham que voltar para seu covil, pois os raios de sol os feriam tal como punhal em suas almas obscuras e misteriosas.
Uma das Ninfas, sem piedade, seduziu o ingênuo Menino de Niquite, que caiu em suas garras como passarinho que fora presa de um feroz gavião. Essa Arpia levou sabe-se os Deuses para onde esse pobre Fuzileiro, que não mais foi visto naquele dia.
O Fiel Escudeiro, acompanhou a outra Ninfa, o Mago e a Loba pelas ruas de Marataízes, como defensor dessas Criaturas.
Ao tomarem suas formas humanas, para não serem reconhecidos pelos cidadãos da cidade, que acordavam e começavam um novo dia, os três foram seguidos por um Elfo louco que cantarolava musicas estranhas como forma de encantamento, conjurando feitiços contra os Três Elementais, que fugiram para sua toca para se refugiar daquele inquisidor.
O Dia se passou, e não se soube noticias do Menino de Niquite e da Ninfa. A outra Ninfa se se desmaterializou, e o Mago e a Loba ficaram escondidos dos raios do Sol.
Ao cair a noite, A Loba Insana, começou seu ritual, declamando seus encantos, uivando tal qual animal no cio, conjurando seus sortilégios em busca de uma vitima.
Tais seres não foram mais vistos pelas ruas de Marataízes. Mas não é o fim... Afinal, esses seres sempre estão por aí, em busca de suas vitimas...


(Crônica escrita por Dom Giovanni e que está na Obra "Fuzileiros Navais - Suas missões e Amores em Marataízes da Escritora Dona Bárbara Pérez)