segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Hudson Giovanni Lança o Livro "Palco das Ilusões"

sábado, 16 de julho de 2011

Delírio


Corpo belo, delineado.
Torneado de desejo,
Moldado por meu desejo
Por meu gosto,
Por meu modo.

Meus olhos se escondem,
Mas me denunciam
Ao te ver
Te desejar,
Te querer.
Por querer te possuir,
Como se por só um olhar
Possa te ter.

Nádegas,
Cochas,
Costas,
Barriga,
Tórax voraz,
Circundados pelo desejo.
Pelo delirante beijo,
Da íris dos meus olhos,
Pelo corpo dos meus pensamentos.

Cochas grossas,
Redondas.
Músculos.
Pêlos poucos.
Pouco louco,
Mas fortes devaneios.
Olhos verdes,
Castanhos,
Amarelos,
Ficam vermelhos
Meus olhos
De sede
De fogo
De colo
De cio de ti.

És jovem,
Sou moço.
És pele,
Sou carne.
És homem,
Sou louco.

Venha



Me grite!
Pare!
Siga,
Sem medo,
Sem gelo,
Sem pressa,
Sem fome!

Com fome!
Coma,
Rasgue,
Urre,
Berre,
Seja!

Deseja !
Me deseja!
Me tomes!
Me beija!
Me olhe!
Me molhe!
Me tenha!

Busca



Tento me perder
Tentando me encontrar
Em sussurros ensurdecedores
De uma alma vazia
Cálida
Pálida
Ávida
Sedenta de sede
Com sede de calor
Exausta de frio
Cansada de dor

Cansada 

Caçador de Mim



Busco uma forma de me encontrar
Um jeito de toca minha alma
E sorri olhando nos meus olhos
Ao ver o meu reflexo em minha própria íris
Sabendo que enfim
Me encontrei

Buscar em formas não abstratas
Em sonhos não surreais
Em visões nada fantásticas
Apenas na simplicidade
Um puro eu em mim mesmo
Em simplicidade
Um supra-sumo de mim
Sem sexo, sem roupagem, sem idade

Sem regras a seguir
Sem lemas a gritar
Nem partidos tomados
Sem odiados e sem amados

Armado somente com a alma
Pura em aura
Limpa de mim

Quero encontrar esse eu
Buscar sem procurar
Sonhar
Sem ter que acordar

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Semeador de Sonhos (Crônica)



Por: Hudson Giovanni

Se eu fosse (e vou) deixar um legado, contaria um pouco sobre mim. Afinal, o que mais posso deixar aos meus do que o conhecimento sobre mim mesmo?
Sou um cara amigo, sincero, tranqüilo, respeitador que gosta de curtir as coisas boas da vida com simplicidade, e sem jamais passar por cima de ninguém, respeito as pessoas, e principalmente respeito o espaço delas.
Simplicidade. Nunca deixe de ver a perspicácia da simplicidade. É Grandiosa. Sempre encontrei nela o supra-sumo do verdadeiro sabor da vida. Em coisas simples, singelas, sempre pude ter e saborear os melhores gostos do que se aproxima de ser feliz.
Sempre fiz um pouco de cada coisa, e uma coisa de cada vez. Faça isso.
Já fiz cócegas na minha irmã só para ela chorar mais, e já fiz ela chorar; já me queimei brincando com fogo ( e há um duplo sentido nesta frase); já brinquei de colocar fogo na bucha de “bombril” e rodar ela como se fosse fogos de artifício; conversei com o espelho, e ele sempre me dava uma resposta que parecia não ser eu; e até já brinquei de ser bruxo; já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro. Já fugi de casa pra sempre e voltei no outro instante; já acordei no meio da noite e comi tudo que tinha na geladeira; já roubei rosas em jardim da igreja.
Já quis ser cientista, artista, mágico, cantor, professor, e até Padre.  Não seja isso tudo, mas um pouco de tudo isso.
Brinque! Ria.
Já me escondi atrás da porta pra assustar um amigo. Já me assustei com muitos amigos.
Já passei trote por telefone, já tomei banho de chuva e acabei gripando, mas como é bom um banho de chuva e como sinto falta de fazer algo tão simples.
Fui magoado, magoei, confundi sentimentos, aliás, isso eu fiz várias vezes. E mesmo com o tempo, acho que ainda não aprendi a avaliar de fato e distinguir cada um deles. Escolhi caminhos que julguei mais fácil e acabei entrando em estradas erradas, e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei a sobrancelha, já me cortei fazendo a barba; já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas não são tão fáceis de esquecer já chorei ouvindo música no ônibus.
Aliás, como já chorei ouvindo música. E ri muito também. Afinal, se fosse montar uma trilha sonora para minha vida eu teria que gravar um mp3. Faça isso.
Cuidado com mentiras. Já menti, mentiram pra mim. E algumas vezes eu mesmo menti pra mim, ou melhor, me iludi tentando acreditar em uma verdade que era só minha. Por isso, às vezes acho que não mentiram pra mim, eu que não quis ver a verdade.
Já fiz juras eternas, que não passaram de alguns dias. Já vivi dias que parecem ter sido eternos.
Você nunca está só, nunca se esqueça disso. Por varias vezes já fiquei sozinho no meio de mil pessoas e sentindo falta de uma só. Tem dias que ainda me sinto assim.
Vi o por do Sol cor alaranjado e a Lua em um tom de azul que só teve naquele dia; já usei óculos escuros tentando parecer fino, mas era pra esconder os olhos inchados de lágrimas. 
Já deitei na grama de madrugada, já vi a lua virar sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos e a vida é mesmo feita de encontros e despedidas.
Entre em sintonia com a Natureza. Seja amigo do Sol e da Lua.
Quantas vezes eu olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei o meu lugar. 
O Olhar. Que poder ele pode e tem. Às vezes (quase sempre) ele diz mais do que todas as palavras já inventadas. E tenho descoberto que somos cegos para as mais belas coisas da vida. Veja o que há de bom de fato.
Já quase morri de amor inúmeras vezes, mas renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial.
Se apaixone. Eu já me apaixonei tantas vezes e pensei que era pra sempre! O ruim que o para sempre, sempre acaba.
Já chorei por amigos e por causa deles. Já tive a dor mais difícil: a de enterrar um amigo, e tentado me consolar dizendo que ali era só o corpo, mas sempre será difícil entender isso.
Já chorei vendo álbum de fotos, e ri demais fazendo o mesmo.
Tomei altos porres, passei mal, vomitei quase que meu estomago inteiro e ainda sinto saudades de dias assim.
E agora, me faço um interrogatório e pareço-me o meu próprio carrasco quando me indago: “Qual é sua experiência?”, “O que você vai levar de aprendizado?”.
Mesmo tendo derramado tantas lágrimas, agradeço aos Céus por cada uma. Cresci. Sou forte, sou homem, sou animal, sou coração  e razão, sou o cara e sou sem cara. Sou sábio e um eterno aprendiz. O tempo passou é verdade.
Não tenho mais a vitalidade que eu tinha, não possuo toda a força da adolescência, mas não vou lamentar essa mudança que o tempo trás. Já fui sim mais novo, mas não quero ser novo novamente. O sabor da experiência é melhor do que o da incerteza da juventude. Possuo algo que sempre será jovem e me manterá assim. Pois o mais velho de todos é aquele que deixou de ter entusiasmo pela vida. E se alguém perguntar o que faço da vida, terei prazer em responder: “Sou um semeador de sonhos!”.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Exílio da Alma



Sinto-me repleto de vazio
E esvaziado de tudo
Parece paradoxal
Transcende a loucura
Mas é extracorporal
É amarga essa doçura

Doce o sabor da verdade
Que sinto já ter saboreado
Mesmo que tenha sido um pedaço
Sei que não me lembro
Mas sei
Que fiquei inebriado
Embevecido
Satisfeito

Estou aprisionado
Em um cárcere privado
E privado desta verdade
Sinto-me acorrentado

Porém, não posso pedir auxilio
Não é bom pra mim o socorro
Sei que aprendo neste exílio
Feito de sangue e carne
Este prisão feita de mim

Conjugando-me




Eu, sei que não posso!
Tu, sabes que não deve!
Ele, é este outro de mim.
Nós, nunca nos compreendemos.
Vos, sabes que tem que ser assim.
Eles sempre debatem dentro de mim sobre mim mesmo.

Beleza



Sobre a luz da lua
Surge uma poesia
Filha do amor por essa serra

Reluz seus ares de magia
Encanto desigual
Única na face da terra

Mostra sua beleza
Como moça graciosa
A cortejar o rapaz

Vestida de natureza
Essa moça se enfeita
Com mágica, pureza e paz

Serra do Caparaó Encantado
Misteriosa mulher
Que nos deixa enamorados
E nos desperta desejo, encanto e fé

Mistérios do Caparaó


Mistérios que não tem tempo
Não se sabe quando começou

Árvores andantes
Figuras vultosas
São almas errantes
Que assombram o Caparaó
Aprisionados na Serra
Foras castigados
Por terem violado
Os Domínios de Rudá
O Generoso deus do Amor
Do povo de Tamandanaré
Que sempre depositou
Em seu deus a sua fé
Mas o mesmo deus generoso
Sabe ser justo e impiedoso
E ordena a Boi-Tatá, a Cobra de Fogo
Que faça justiça
Para que de novo
Reine a paz no Caparaó

Mas também tem duendes e fadas
E as belas ninfas aladas
Que encantam nossas matas

Tem Bruxas e Magos
Feiticeiros e Místicos
Sacerdotes de todos os tipos
Mestres da natureza
Encarnados em humanos
Com a missão de mostras aos homens
Os segredos de tantas belezas

Esses são alguns
Dos tantos segredos do Caparaó
Essa é sua magia, seu feitiço
E talvez seja por isso
Que aqui sempre irás voltar

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sábia do Caparaó



Minha Terra não tem palmeiras
Mas tem Palmito onde canta o Sábia
E as aves que aqui gorjeiam
Gorjeiam tanto quanto lá

Ah! Também tem Maritaca. 

Pedro



São tantos eles,
Que não consigo listar.

Tem tudo quanto há de Pedro.
Te Pedro em tudo quanto há lugar.

Tem Pedro Santo
Que sobre ti,
O Cristo edificou sua igreja.
Bem, isso o Padre Sirley quem disse.

Falando do Sirley,
Tem o Pedro dele.

Gracioso, elegante
Olhos azuis e andar de galante.
Coleira vermelha, brincos de brilhante.
Um belo Siamês.
Pobre Pedro.
O gato assassinado do Padre Sirley.
Reza a lenda que até velório teve.
Disso não sei, mas que teve sermão só pelo gato, isso teve.

Mas tem também a Família Pedro.
Tem tudo quanto pensa de Pedro:
Neide Pedro,
Dino Pedro,
Juca Pedro,
João Pedro,
Lota Pedro.
Só não tem um Pedro Pedro.
Engraçado esses Pedro.

Tem Pedro Escola.
Imponente Pedro prédio Estadual.
Aqui todo mundo já passou pelo Pedro.
Que saudades desse Pedro.

Mas tem um Pedro que é o Cara.
O mais famoso e conhecido dos Pedro.
Apesar de ninguém saber quem é o Pedro
Ninguém jamais tê-lo visto,
É o mais celebre dos nossos Pedros.

Pedro é Pedra!

Sempre bem informado
Pedro é muito gentil
Divide tudo o que sabe.
Politizado! Diz ele que não é Partidário.
Se diz um Cavaleiro da Justiça.
A Dele!

Apesar de sua covardia
Por se esconder por de trás
De uma falsa coragem
Pois Pedro nunca diz quem é.

Este Pedro é uma pedra de fato.
Mas uma pedra no sapato.

É um filho das sombras.
Ou melhor dizendo:
É filho do Sombra!
Eita cidadezinha para ter Pedro.
Essa Dores do Rio Pedro.
Ops! “Preto”.

Ecochatos e Ecoloucos


(Dedicado a Dalva Ringuier e aos Educadores Ambientais do Consórcio Caparaó)

Ouço um grito
Tão alto quanto o bater das asas
De uma borboleta
Que já não voa mais

Tal grito, que tenta ecoar
Em, e com, últimos sobreviventes
De um povo que vive e consegue ser
Os filhos de si mesmo

Esse povo sempre tentou dizer
Com seus gritos de borboletas
O que hoje todos querem saber

Eram chatos.
Eram loucos.
Ecochatos e Ecoloucos.

Hoje são sábios
E só resta-nos uma coisa:
Ouvir.
Pois é tempo de nos socorrer.


Infância



Quero um riso mais gostoso
Quero um brilho mais brilhoso

Quero ser menino correndo na rua
Na velha área da festa

Quero brincar nas manilhas
E roubar tomates pra fazer salada

Quero brincar de nave espacial
Na maquina de café

Quer fazer show com os amigos
No palanque de pau da festa

Brinca de pique esconde na praça
De fazer caminho no barranco

Quero tomar banho de chuva
Pra lavar o corpo sujo de barro branco e calcário

Quero pular, mas meu joelho não deixa.
Quero gritar, mas não quero ficar rouco.
Quero cair.
Mas sem medo de me machucar e doer.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Afémarção [1]

Você é a certeza,
Nos meus momentos de angústia.
 A firmeza,
Nos meus instantes de fé.
 A realização,
De uma era de sonhos.
 Da escuridão,
O brilho no olhar.

De todos os
 passos, o primeiro,
De uma longa caminhada.
 O cuidadoso jardineiro,
De um canteiro em flor.
 A cura,
De uma solidão.
O fim da procura,
De uma vida,
Que esperava em vão.
  
 [1]. “Aférmação” é um neologismo criado pelo autor. É a junção de “afirmação” e “fé”, seria a “afirmação da fé”. Dedicado àquele que o destino me ensinou a chamar de “Mininuh”. Obrigado.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

METAMORFASE [1]

Tornei-me forte,
Para não deixar de ser fraco.
Tornei-me bruto,
para não perder minha sensibilidade.
Tornei-me único,
para não deixar de ser mais um.
Tornei-me anônimo,
para não perder minha identidade.
Fiz-me outro,
Para não deixar de ser
Eu mesmo.






[1] Nota do autor: “Metamorfase” é um neologismo nascido da junção das palavras metamorfose e fase. Seria as “fases de uma metamorfose”

FLORES DO RIO PRETO

A cada vez que saio
Vou para um algum outro lugar,
Meu coração trasborda alegria
Ao ver a Pajé dando-nos as “boas vindas”
Depois do serra do Furtado,
E digo-me:
“Estou em casa”
E uma nostálgica melodia toda em meu peito
“minha cidade querida, lutarei por ti enquanto tiver vida”.
E esta mesma nostalgia me remete
A lembranças ricas de risos:

Consuelo fazendo broa e nós, todos totos,
Às seis da manhã, cantando atrás da banda de fanfarra
Na festa de Abril.

Paulo Braga, sempre com seu jornal debaixo do braço
Sentando-se na pracinha do Campo
Para jogar sua bisca com os demais moradores da Ilha Grande.


Renato e Bia chegando animadíssimos para o Carnaval nas Montanhas
E eu o Jô vestidos de pijama com um colchão no meio da praça,
Rindo dos mais sérios pais de famílias vestidos de mulher,
Inclusive o querido João Ribeiro empurrando um carrinho de bebê cheio de cerveja.

Da revolta misturada ao riso e ao mistério
pelo assassinado do gato do Padre Sirlei.
E a Vó Deca sempre o acalmando.

Das histórias do Seu Manoel Nunes
Tantas sobre a política da cidade
Que mesmo passado o tempo, sempre se repetem.

Das festas fora que todos já tinham partido para elas
E nós íamos na casa do Waltinho tarde da noite
Para ele nos levar, de táxi, que acabava sendo muito chic chegar assim.

Das boas risadas com a Margarida do Bem Vindo,
Sempre com uma história boa e nova sobre os riopretenses,
Claro, não é fofoca, é relato.


Das noites de bebedeiras no Tita
Que depois de certa hora começa a fechar a porta, varrer o chão,
E nós não se preocupando com o horário. Somos sócios.

Das tantas festas com meus meninos,
Das broncas que eu dava, e para não tê-las
Eles sempre davam um jeito de me jogar no meio da bagunça.

Das converças quentes e inteligentes na fria pracinha
Que não tinha ninguém
Mas nós estávamos sempre lá, sempre com assunto.

Dos visitantes e amigos,
Que vinham uma vez conhecer e queriam sempre ficar mais
E já eram amigos de todos na cidade.


Dos bons aprendizados
Dando por Dalva Ringuier
Para cuidarmos melhor sempre de nossa terra e de nossa gente.

Das brigas por política,
Onde todos se tornavam inimigos,
Claro, só até o dia das eleições.

E tantas outras e muitas histórias,
Que se relatadas ponto a ponto,
Personagem por personagem
Ficaríamos por dias, meses, anos
À relatar tantos choros e risos.

Por isso sempre quero ver essa minha cidade
Abençoada pelo “Majestoso e Imponente” Pico da Bandeira
Pelas graças da Serra do Caparaó
Como um belo jardim
Das minhas Flores do Rio Preto,
Pois Dores, só de saudade dos bons momentos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Imaginação

És tu oh cavalheiro distinto
Disfarçado de criança
Que me indaga nesta dança
Conduzindo-me ao delirar
Pedindo minha mão cansada
Acreditando que no fim desta jornada
No interrupto fim da dança
Peça-me que o acompanhe
Na caminhada que não pode
E jamais irás parar
Pois te procuro em outro
E queria que fosse ele
No instante em que me beija
Para sempre o outro ele seja
Já que sei que não és
Pois é outro que a beijar estais
Talvez pensando em mim.
-Pare podre ser!


Dedicado a "Marli".

quinta-feira, 11 de junho de 2009

MARCA

Sou sua cicatriz que te faz lembrar,
Do quanto sou o único
Que lhe pode amar
Não este amor mortal,
Tão real!
Mas este que se confunde com o tempo,
Com a razão.
Que nos faz lembrar
Com esta emoção.
Sou teu fogo que arde, lhe queima,
Lhe faz sentir-me perto.
Mesmo com tempo e a distancia.
Nunca nos separamos, estou certo.
Estou em cada delírio,
Cada pensamento.
sou seu sonho bom,
seu tormento.
Sou sua marca corrosiva.
Marcada a ferro, a fogo a fio,
Em carne viva.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Texto em agradecimento A Bárbara Perez, que dedicou sua obra “Loba” a este amigo e tão fiel Afilhado Poético.

Tal qual a um arlequim que vem sem ser esperado, peço licença a todos para esta breve quebra de protocolo. Mas o que é o artista se não suas tantas quebras de protocolos impostos pela sociedade no decorrer de tantos séculos.
Uma excelente noite os distintos membros desta mágica casa de Letras, ao Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal, membros do administrativo deste tão querido município, demais autoridades, senhores, senhoras, uma boa noite.
A arte tem nos ensinado dia após dia com todas essas invalidações de idéias e formas de agirmos.
Mas vamos aos fatos.
Zeus, o Senhor do Olimpo, estava cansado e entediado, quando olhou para o povo Grego que tanto suplicava por sua ajuda e benção. Mas Zeus não entendia muito o anseio aquele povo. Então resolveu unir sua benevolência de deus e o seu enfado. Pediu a Apolo que criasse Nove Musas para inspirar e ensinar àquele povo. Doutrinar a eles o que era necessário para sua evolução e aprendizado. E assim Apolo fez. Criou as nove musas:
Urânia – a astronomia e a metafísica;
Clio – a história;
Polínia – a eloqüência;
Érato – a poesia leve;
Calíope - a epopéia;
Euterpe – a música;
Terpsícore – a dança;
E claro, Melpomene – a tragédia e Thália – a comédia “.
“A missão dessas duas últimas era dar a luz ao Theatro, para que além de divertir os Deuses com seus contos escritos por Érato e Calíope, acima de tudo era a de representar através da arte cênica as dores e alegrias de um povo quando este não tiver quem ou a oportunidade de expressá-las”.
Esta é a principal missão de todos nós artistas. O artista não é só aquele que vemos nos filmes, na TV e no Teatro. Artista é todo aquele que usa da arte sua principal fonte de vida. E de vida espiritual, a nutrição da alma.
Artistas não precisam de toque ou da visão para se comunicarem e se conhecerem. A cada vez que lemos os desabafos poéticos de Mario de Sá Carneiro, nos sentimos mergulhados em sua alma. A cada boa história lida nos livros de Jorge Amado, nos sentimos em plena Salvador e vivendo o intrigante velório de Quincas Berro D’água. Ou nos arrepiamos e nos embebêssemos com os prazeres carnais contidos na Comédia da Vida Privada de Nelson Rodrigues.
A arte tem o poder de aproximar pessoas e lhes mostrar o quanto podemos ser quem quisermos no mundo mágico da arte, e trazer a tona, para a realidade toda a forma artística de viver a vida com cada gota de emoção e verdade. Afinal, não se chega à conclusão se a arte que imita a vida ou é a vida que imita a arte. Pois eu me atrevo, como artista, a responder-lhes: é tudo a mesma coisa!
A vida é uma peça escrita pelos Deuses que são os Grandes Diretores que nos convocam a encenar cada ato de nossa existência. Nossa cidade, nossa rua, são os cenários; nossa família e amigos são nossos coadjuvantes de tanta importância para nossas mais belas cenas. Mas o texto, o enredo, cabe a nós escrever e delinear cada cena. Nos é dado esse presente de escrever a nossa história.E cada obra de arte, quadros, esculturas, livros, encenações, o circo, “o Teatro”, são os portais que nos colocam diante desses Deuses para que possamos refletir sobre nós mesmos.
Eu agradeço aos Deuses Sagrados por ter escalado esta minha tão amada Madrinha Poética, minha tutora Bárbara Nômade para me auxiliar a escrever os melhores atos desta nossa peça. Bárbara não é só uma grande crítica de meu trabalho, é uma incentivadora de meu talento. São poucos os companheiros de cena que tem o potencial de fazer de nosso texto um espetáculo à parte. Bárbara Perez, a Nômade. Seu próprio nome já nos remete a sua essência. Seu nome já expressa toda sua grandeza e presença de espírito. A sádica Grandeza de beleza e magnitude que brinca com estes meros mortais; e Nômade, a peregrina. Então: a Grande beleza que percorre as almas.
Como sou filho das coxias, lhe conto um breve histórico para, com o teatro, lhe agradecer.
Quando o Teatro Municipal da Cidade do Rio de Janeiro estava em seu inicio, os atores não tinham acesso ao palco antes dos espetáculos começarem. Mas eles queriam saber se auditório estava lotado ou não. Então eles desciam até os porões do prédio para de lá verem a entrada do Teatro. O que eles conseguiam ver era o chão da entrada principal. A visão era apenas as fezes dos cavalos que compunham as carruagens que deixavam seus proprietários na entrada do prédio.
Portanto quanto mais fezes, mais carruagens, mais carruagens, mais pessoas, mais pessoas era sinal de platéia cheia. Então nasceu a tradição de antes dos espetáculos, os atores desejavam “merda” uns aos outros.
De todo o coração, com a alma poética contida nesse reles arlequim, desejo a este lar de cultura e à minha tão querida Madrinha Poética, teatralmente falando: “Merda!”.
A sua homenagem a mim, querida Tutora, torna-me mais do que feliz em saber de seu carinho por reles poeta. Mas não recebo este carinho sozinho. Esta comigo, em espírito e em meu coração:
Minha mãe: Ana Maria Pacheco. Meus tão queridos amigos, Jocimar do Carmo, Alan Alves, Mariana Beatriz, Doca Faria, Hélida Luna, Carolina Moreira, Felipe Chambela, Wanderléia Garcia, L.C. Pirovani, Naor Soares, Vanessa Lopes, Maxwel Riva, Junior Paradizo, Shayana Rouxinou, meu querido Anjo Eberton Ruchdeschel e a todos os membros de meu Clã, a nossa familia que os Deuses permitiram escolher e outros tantos que estiveram aqui em meu palco comigo.
Originalmente este texto foi dedicado a meus meninos do Grupo de Teatro “Dramática Loucura”, grupo este que eu formei em Dores do Rio Preto e digo: aprendi mais com eles do que eles mesmos imaginam. Mas receba-o também como seu agora como forma de homenageá-la nesta tão cheia de fábulas noites desta casa tão rica em contos, estas linhas simples, mas que nos descrevem com a precisão da essência dos Deuses.
Dramática Loucura
Tenho um pacto com os Deuses da arte. O dever de sonhar. E acreditar sempre em meus sonhos. Pois mesmo sendo a única platéia que possuo, tenho que armar a prata e pedrarias, mirra e ouro, o melhor espetáculo que posso arquitetar. Crio cenários, figurinos, personagens, para fazer e inventar meu texto. E assim receber o que me é dado, nem que seja de mim mesmo: Os aplausos de meu próprio ser.
Sou Lúdico...
Sou Cênico...
Sou Dramático...
Sou Louco...
Teatro é a Arte de dizer o que deveria ser verdade
Dedico a minha tão amada Madrinha e Tutora Poética, a nossa Peregrina e Grande beleza que percorre as almas, Bárbara Perez, a Nômade.
Uma Boa Noite a Todos.

Jogo de Cartas

Caí o Rei de Espadas,

Sobe o Rei de Ouros.

E a Rainha louca sempre dá um jeito de reinar



Seus súditos, meras cartas

Só são usadas para o descarte.

A cada rodada usa-se mais os curingas

Para sujar o jogo

E mesmo assim, é canastra fechada

Onde reina o Rei de Paus

Que combina com sua cara

Mas que vale tal qual o de Copas



Reino onde só a Dama, o Valete e o Rei reinam

As meras cartas só servem para contagem

Uma a uma...

Elas caem sem saber para onde,

Só fazem canastras

Fechadas pelos Reis



De quando em vez aparece um Rei de Copas

Com coração bom e jogo limpo.

Mas um jogador logo dá um jeito

De trancar o jogo e fazer sua trinca

Onde os Reis de Espada impõem suas ordens



Caí o Rei de Espadas,

Sobe o Rei de Ouro.

E a Rainha louca sempre dá seu jeitinho

De continuar reinando.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

PASSADO IDIOTA

Ao ver os viajados contarem
De aventuras que por lá passaram
Me pergunto o que faço aqui
Num lugar que não tem nada
Nem pra oferecer
Nem pra mostrar
Penso que será
Que perdi tanto tempo
Ouvindo a tia Dalila falar:
“Que saudade daquele tempo!”
Como alguém pode ter saudade da mesmice?
E até fiquei surpreso
Quando ela me disse
Do baile dos Branco
E o Clube dos Preto
Que não ia Preto no Branco
Mais sempre tinha Branco nos dos Preto...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um Anjo

Dedicado ao querido amigo Eberton Ruchdeschel, meu sempre querido Anjinho.






Por tantas vezes roguei
Que dos céus descesse um anjo
Para que feliz me fizesse
Sentir o que nunca senti
Com seu jeito de menino
Esse anjo um amigo se fez
E tal qual um golpe do destino
Amizade em amor se fez...
Me apaixonei por um ser
Que sempre soube o que quis
E aquele amor que eu pedia
Mesmo calado era o único
Que me entendia
Mas como pude acreditar
Em um amor que impossível era?
Por um anjo me apaixonei
Era amor impossível, mas sonhei
Só me resta o bem fazer
Para que juntos fiquemos:
Quando de amor eu morrer.