sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Exílio da Alma



Sinto-me repleto de vazio
E esvaziado de tudo
Parece paradoxal
Transcende a loucura
Mas é extracorporal
É amarga essa doçura

Doce o sabor da verdade
Que sinto já ter saboreado
Mesmo que tenha sido um pedaço
Sei que não me lembro
Mas sei
Que fiquei inebriado
Embevecido
Satisfeito

Estou aprisionado
Em um cárcere privado
E privado desta verdade
Sinto-me acorrentado

Porém, não posso pedir auxilio
Não é bom pra mim o socorro
Sei que aprendo neste exílio
Feito de sangue e carne
Este prisão feita de mim

Conjugando-me




Eu, sei que não posso!
Tu, sabes que não deve!
Ele, é este outro de mim.
Nós, nunca nos compreendemos.
Vos, sabes que tem que ser assim.
Eles sempre debatem dentro de mim sobre mim mesmo.

Beleza



Sobre a luz da lua
Surge uma poesia
Filha do amor por essa serra

Reluz seus ares de magia
Encanto desigual
Única na face da terra

Mostra sua beleza
Como moça graciosa
A cortejar o rapaz

Vestida de natureza
Essa moça se enfeita
Com mágica, pureza e paz

Serra do Caparaó Encantado
Misteriosa mulher
Que nos deixa enamorados
E nos desperta desejo, encanto e fé

Mistérios do Caparaó


Mistérios que não tem tempo
Não se sabe quando começou

Árvores andantes
Figuras vultosas
São almas errantes
Que assombram o Caparaó
Aprisionados na Serra
Foras castigados
Por terem violado
Os Domínios de Rudá
O Generoso deus do Amor
Do povo de Tamandanaré
Que sempre depositou
Em seu deus a sua fé
Mas o mesmo deus generoso
Sabe ser justo e impiedoso
E ordena a Boi-Tatá, a Cobra de Fogo
Que faça justiça
Para que de novo
Reine a paz no Caparaó

Mas também tem duendes e fadas
E as belas ninfas aladas
Que encantam nossas matas

Tem Bruxas e Magos
Feiticeiros e Místicos
Sacerdotes de todos os tipos
Mestres da natureza
Encarnados em humanos
Com a missão de mostras aos homens
Os segredos de tantas belezas

Esses são alguns
Dos tantos segredos do Caparaó
Essa é sua magia, seu feitiço
E talvez seja por isso
Que aqui sempre irás voltar

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sábia do Caparaó



Minha Terra não tem palmeiras
Mas tem Palmito onde canta o Sábia
E as aves que aqui gorjeiam
Gorjeiam tanto quanto lá

Ah! Também tem Maritaca. 

Pedro



São tantos eles,
Que não consigo listar.

Tem tudo quanto há de Pedro.
Te Pedro em tudo quanto há lugar.

Tem Pedro Santo
Que sobre ti,
O Cristo edificou sua igreja.
Bem, isso o Padre Sirley quem disse.

Falando do Sirley,
Tem o Pedro dele.

Gracioso, elegante
Olhos azuis e andar de galante.
Coleira vermelha, brincos de brilhante.
Um belo Siamês.
Pobre Pedro.
O gato assassinado do Padre Sirley.
Reza a lenda que até velório teve.
Disso não sei, mas que teve sermão só pelo gato, isso teve.

Mas tem também a Família Pedro.
Tem tudo quanto pensa de Pedro:
Neide Pedro,
Dino Pedro,
Juca Pedro,
João Pedro,
Lota Pedro.
Só não tem um Pedro Pedro.
Engraçado esses Pedro.

Tem Pedro Escola.
Imponente Pedro prédio Estadual.
Aqui todo mundo já passou pelo Pedro.
Que saudades desse Pedro.

Mas tem um Pedro que é o Cara.
O mais famoso e conhecido dos Pedro.
Apesar de ninguém saber quem é o Pedro
Ninguém jamais tê-lo visto,
É o mais celebre dos nossos Pedros.

Pedro é Pedra!

Sempre bem informado
Pedro é muito gentil
Divide tudo o que sabe.
Politizado! Diz ele que não é Partidário.
Se diz um Cavaleiro da Justiça.
A Dele!

Apesar de sua covardia
Por se esconder por de trás
De uma falsa coragem
Pois Pedro nunca diz quem é.

Este Pedro é uma pedra de fato.
Mas uma pedra no sapato.

É um filho das sombras.
Ou melhor dizendo:
É filho do Sombra!
Eita cidadezinha para ter Pedro.
Essa Dores do Rio Pedro.
Ops! “Preto”.

Ecochatos e Ecoloucos


(Dedicado a Dalva Ringuier e aos Educadores Ambientais do Consórcio Caparaó)

Ouço um grito
Tão alto quanto o bater das asas
De uma borboleta
Que já não voa mais

Tal grito, que tenta ecoar
Em, e com, últimos sobreviventes
De um povo que vive e consegue ser
Os filhos de si mesmo

Esse povo sempre tentou dizer
Com seus gritos de borboletas
O que hoje todos querem saber

Eram chatos.
Eram loucos.
Ecochatos e Ecoloucos.

Hoje são sábios
E só resta-nos uma coisa:
Ouvir.
Pois é tempo de nos socorrer.


Infância



Quero um riso mais gostoso
Quero um brilho mais brilhoso

Quero ser menino correndo na rua
Na velha área da festa

Quero brincar nas manilhas
E roubar tomates pra fazer salada

Quero brincar de nave espacial
Na maquina de café

Quer fazer show com os amigos
No palanque de pau da festa

Brinca de pique esconde na praça
De fazer caminho no barranco

Quero tomar banho de chuva
Pra lavar o corpo sujo de barro branco e calcário

Quero pular, mas meu joelho não deixa.
Quero gritar, mas não quero ficar rouco.
Quero cair.
Mas sem medo de me machucar e doer.