quarta-feira, 10 de junho de 2009

Texto em agradecimento A Bárbara Perez, que dedicou sua obra “Loba” a este amigo e tão fiel Afilhado Poético.

Tal qual a um arlequim que vem sem ser esperado, peço licença a todos para esta breve quebra de protocolo. Mas o que é o artista se não suas tantas quebras de protocolos impostos pela sociedade no decorrer de tantos séculos.
Uma excelente noite os distintos membros desta mágica casa de Letras, ao Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal, membros do administrativo deste tão querido município, demais autoridades, senhores, senhoras, uma boa noite.
A arte tem nos ensinado dia após dia com todas essas invalidações de idéias e formas de agirmos.
Mas vamos aos fatos.
Zeus, o Senhor do Olimpo, estava cansado e entediado, quando olhou para o povo Grego que tanto suplicava por sua ajuda e benção. Mas Zeus não entendia muito o anseio aquele povo. Então resolveu unir sua benevolência de deus e o seu enfado. Pediu a Apolo que criasse Nove Musas para inspirar e ensinar àquele povo. Doutrinar a eles o que era necessário para sua evolução e aprendizado. E assim Apolo fez. Criou as nove musas:
Urânia – a astronomia e a metafísica;
Clio – a história;
Polínia – a eloqüência;
Érato – a poesia leve;
Calíope - a epopéia;
Euterpe – a música;
Terpsícore – a dança;
E claro, Melpomene – a tragédia e Thália – a comédia “.
“A missão dessas duas últimas era dar a luz ao Theatro, para que além de divertir os Deuses com seus contos escritos por Érato e Calíope, acima de tudo era a de representar através da arte cênica as dores e alegrias de um povo quando este não tiver quem ou a oportunidade de expressá-las”.
Esta é a principal missão de todos nós artistas. O artista não é só aquele que vemos nos filmes, na TV e no Teatro. Artista é todo aquele que usa da arte sua principal fonte de vida. E de vida espiritual, a nutrição da alma.
Artistas não precisam de toque ou da visão para se comunicarem e se conhecerem. A cada vez que lemos os desabafos poéticos de Mario de Sá Carneiro, nos sentimos mergulhados em sua alma. A cada boa história lida nos livros de Jorge Amado, nos sentimos em plena Salvador e vivendo o intrigante velório de Quincas Berro D’água. Ou nos arrepiamos e nos embebêssemos com os prazeres carnais contidos na Comédia da Vida Privada de Nelson Rodrigues.
A arte tem o poder de aproximar pessoas e lhes mostrar o quanto podemos ser quem quisermos no mundo mágico da arte, e trazer a tona, para a realidade toda a forma artística de viver a vida com cada gota de emoção e verdade. Afinal, não se chega à conclusão se a arte que imita a vida ou é a vida que imita a arte. Pois eu me atrevo, como artista, a responder-lhes: é tudo a mesma coisa!
A vida é uma peça escrita pelos Deuses que são os Grandes Diretores que nos convocam a encenar cada ato de nossa existência. Nossa cidade, nossa rua, são os cenários; nossa família e amigos são nossos coadjuvantes de tanta importância para nossas mais belas cenas. Mas o texto, o enredo, cabe a nós escrever e delinear cada cena. Nos é dado esse presente de escrever a nossa história.E cada obra de arte, quadros, esculturas, livros, encenações, o circo, “o Teatro”, são os portais que nos colocam diante desses Deuses para que possamos refletir sobre nós mesmos.
Eu agradeço aos Deuses Sagrados por ter escalado esta minha tão amada Madrinha Poética, minha tutora Bárbara Nômade para me auxiliar a escrever os melhores atos desta nossa peça. Bárbara não é só uma grande crítica de meu trabalho, é uma incentivadora de meu talento. São poucos os companheiros de cena que tem o potencial de fazer de nosso texto um espetáculo à parte. Bárbara Perez, a Nômade. Seu próprio nome já nos remete a sua essência. Seu nome já expressa toda sua grandeza e presença de espírito. A sádica Grandeza de beleza e magnitude que brinca com estes meros mortais; e Nômade, a peregrina. Então: a Grande beleza que percorre as almas.
Como sou filho das coxias, lhe conto um breve histórico para, com o teatro, lhe agradecer.
Quando o Teatro Municipal da Cidade do Rio de Janeiro estava em seu inicio, os atores não tinham acesso ao palco antes dos espetáculos começarem. Mas eles queriam saber se auditório estava lotado ou não. Então eles desciam até os porões do prédio para de lá verem a entrada do Teatro. O que eles conseguiam ver era o chão da entrada principal. A visão era apenas as fezes dos cavalos que compunham as carruagens que deixavam seus proprietários na entrada do prédio.
Portanto quanto mais fezes, mais carruagens, mais carruagens, mais pessoas, mais pessoas era sinal de platéia cheia. Então nasceu a tradição de antes dos espetáculos, os atores desejavam “merda” uns aos outros.
De todo o coração, com a alma poética contida nesse reles arlequim, desejo a este lar de cultura e à minha tão querida Madrinha Poética, teatralmente falando: “Merda!”.
A sua homenagem a mim, querida Tutora, torna-me mais do que feliz em saber de seu carinho por reles poeta. Mas não recebo este carinho sozinho. Esta comigo, em espírito e em meu coração:
Minha mãe: Ana Maria Pacheco. Meus tão queridos amigos, Jocimar do Carmo, Alan Alves, Mariana Beatriz, Doca Faria, Hélida Luna, Carolina Moreira, Felipe Chambela, Wanderléia Garcia, L.C. Pirovani, Naor Soares, Vanessa Lopes, Maxwel Riva, Junior Paradizo, Shayana Rouxinou, meu querido Anjo Eberton Ruchdeschel e a todos os membros de meu Clã, a nossa familia que os Deuses permitiram escolher e outros tantos que estiveram aqui em meu palco comigo.
Originalmente este texto foi dedicado a meus meninos do Grupo de Teatro “Dramática Loucura”, grupo este que eu formei em Dores do Rio Preto e digo: aprendi mais com eles do que eles mesmos imaginam. Mas receba-o também como seu agora como forma de homenageá-la nesta tão cheia de fábulas noites desta casa tão rica em contos, estas linhas simples, mas que nos descrevem com a precisão da essência dos Deuses.
Dramática Loucura
Tenho um pacto com os Deuses da arte. O dever de sonhar. E acreditar sempre em meus sonhos. Pois mesmo sendo a única platéia que possuo, tenho que armar a prata e pedrarias, mirra e ouro, o melhor espetáculo que posso arquitetar. Crio cenários, figurinos, personagens, para fazer e inventar meu texto. E assim receber o que me é dado, nem que seja de mim mesmo: Os aplausos de meu próprio ser.
Sou Lúdico...
Sou Cênico...
Sou Dramático...
Sou Louco...
Teatro é a Arte de dizer o que deveria ser verdade
Dedico a minha tão amada Madrinha e Tutora Poética, a nossa Peregrina e Grande beleza que percorre as almas, Bárbara Perez, a Nômade.
Uma Boa Noite a Todos.

2 comentários:

  1. O mais lindo em tudo que você escreve é sua capacidade de emocionar mesmo quem nunca te viu...
    Parabéns

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  2. Já lhe disse amiga, e o próprio texto também diz: Não precisamos do toque, do olhar, para nossas almas se encontrarem.

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